A beleza é inegavelmente um tema muito vasto. E como é importante. Mesmo aos céticos que dizem não se importar com ela. Certamente ainda não a descobriram. E sempre que falarmos em beleza precisamos ter uma visão mais ampla do assunto e não cair na tentação de querer simplificá-la unicamente à beleza humana. Vai muito além disso.
Na segunda metade do século XIX, o filósofo e escritor russo Fiódor Dostoiévski proferiu uma frase enigmática em seu livro O Idiota: “A beleza salvará o mundo”. Essa frase intrigante ficou durante muito tempo levantando interpretações de seus leitores.
No seu romance Os Irmãos Karamazov, ele aprofunda a questão. O ateu Ipolit pergunta ao príncipe Mynski: “como a beleza salvará o mundo?” O príncipe nada diz, mas vai junto a um jovem de 18 anos que agonizava. Aí fica cheio de compaixão e amor até ele morrer. Com isso nos quis dizer: a beleza é o que nos leva ao amor convivido com a dor; o mundo será salvo hoje e sempre enquanto houver essa atitude.
Anselm Grün, monge beneditino, escritor e grande espiritualista, conta que Dostoiévski viajava ao menos uma vez no ano para Dresden, na Alemanha, só para contemplar na capela a formosa Madona Sixtina de Rafael.
Para Dostoiévski a contemplação da Madona de Rafael era sua terapia pessoal, pois, sem ela, desesperaria dos homens e de si mesmo diante de tantos problemas que vivia.
“Seguramente não podemos viver sem comida, mas também é impossível existir sem beleza”, repetia. Beleza é mais que estética, possui uma dimensão ética e espiritual. Ele via em Jesus um semeador de beleza.
Então ela realiza sua origem sânscrita Bet-El-Za que quer dizer: “o lugar onde Deus brilha”. Brilha por tudo e nos faz também brilhar pelo belo que se irradia de nós.
Até a próxima.
Cláudio Cordeiro
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